História
No início do 1º Quartel do Séc. XX, em 1908, o Dr. Simão da Cunha deixa expresso em testamento a sua vontade de contribuir para a criação de uma Misericórdia em Condeixa-a-Nova, determinando que os seus haveres se destinem a obras de caridade na esperança que mais legados e heranças se juntem aos seus. O seu caridoso legado manteve-se no testamento de 15 de Setembro de 1915 apesar deste desejo já se encontrar expresso no testamento revogado de 20 de Novembro de 1908.
No entanto o seu legado foi inteiramente canalizado para a sua construção do Hospital «D. Ana Laboreira D’Eça», que veio a ocorrer após a sua morte sendo, por isso, considerado o seu fundador.
Aos 22 dias de Abril de 1921, na Câmara Municipal, a Comissão Executiva em sessão ordinária constituiu a 1ª Comissão da Misericórdia que se veio a reunir posteriormente aos 30 dias de Maio de 1921, e elege a Comissão da Mesa da Misericórdia com os seguintes resultados:
Presidente – Dr. Cândido Sotto Mayor;
Secretário – Reverendo Padre Augusto das Neves Pimenta;
Vogal – Dr. António Augusto Matos.
Na mesma reunião deliberaram a construção de uma capela no recinto do Hospital «D. Ana Laboreira D’Eça» e nomearam o vogal, Dr. António Augusto Matos, para elaborar os Estatutos (constituídos por 10 Capítulos e 46 Artigos) que foram aprovados a 11 de Abril de 1926 e tiveram sanção legal pela portaria de 6 de Maio do ano seguinte.
Segundo os referidos estatutos a Mesa Administrativa é constituída por 5 vogais, sendo eleita por 3 anos, em Assembleia-Geral, e na sua primeira sessão, sob a presidência do vogal mais velho, em idade e secretariada pelo mais novo, procederá entre si à eleição do Provedor, Vice-Provedor, Secretário, Vice-Secretário e Tesoureiro, distribuindo seguidamente pelos restantes Mesários os serviços que tenham a desempenhar.
Em consonância com o anteriormente descrito, a 3 de Novembro de 1927, procedia-se à eleição da 1.ª Mesa Administrativa da Misericórdia, após a eleição dos mesários efectivos a 29 de Outubro de 1927, tendo a seguinte constituição:
Provedor: Dr. Cândido Sotto Mayor
Vice-Provedor: Dr. Sebastião Marques de Almeida
Secretário: Padre Augusto das Neves Pimenta
Vice-Secretário: Padre José Balthazar dos Santos
Tesoureiro: Joaquim da Costa
Esta Mesa Administrativa era composta por elementos de prestígio e espírito reconhecidamente humanitário e que consolidaram os alicerces desta obra cristã.
A Irmandade tinha como fins principais:
«1.º Distribuição domiciliária de esmolas aos Irmãos pobres nas suas enfermidades, desastres, invalidez para o trabalho;
2.º Concessão de subsídios para funeral dos Irmãos pobres;
3.º Subsidiar as Irmãs e mulheres dos Irmãos pobre quando parturientes;
4.º Subsidiar o Hospital Municipal D. Ana Laboreiro D’Eça, para hospitalizar gratuitamente os Irmãos pobres que careçam de tratamento;
5.º Conceder subsídios de latação aos filhos dos Irmãos pobres no seu primeiro ano, podendo prorrogar-se até aos dezoito meses de idade sempre que preciso;
6.º Subsidiar os filhos dos Irmãos pobres com artigos de rouparia e livros para poderem frequentar as escolas de ensino primário geral;
7.º Promover a construção de um albergue para internar os indigentes velhos, inválidos do trabalho, logo que os fundos da Misericórdia o permitam e haja benfeitores que a auxiliem nesta obra meritória.»
Apesar do legado do instituidor, Dr. Simão da Cunha, ter sido absorvido pelo Hospital, as suas previsões vieram a verificar-se com outros legados como os de Maria Adelaide Cunha Amaral e Joaquim Jorge Pereira Guimarães, a que outros se foram juntando, passando a realizar-se obras de assistência e caridade com maior regularidade.
Durante estes primeiros anos, e estava bem assente nos estatutos, era um dos objectivos desta Misericórdia a construção de um albergue (asilo) que servisse de auxílio aos mais necessitados. No entanto, a partir de 27 de Janeiro de 1940, com a criação da Comissão da «Sopa dos Pobres» presidida pelo Comandante Fortunato Pires da Rocha, este tema deixa de vigorar nas actas por falta de verba. Foi dada prioridade ao atendimento a todos os pedidos vindos dos pobres carenciados, em detrimento da construção do asilo, sob pena de não ser prestado o devido apoio à população de Condeixa-a-Nova.
É ainda neste ano que se começa a imprimir e distribuir os «Relatório e Contas – Misericórdia Condeixa» pelos Irmãos, de forma a dar a conhecer as acções desenvolvidas pela Instituição, assim como as suas despesas e receitas.
Entretanto verificaram-se diversas alterações ao nível da constituição da Mesa, no entanto só a 3 de Janeiro de 1951 após a morte do Dr. Cândido Sotto Mayor, é eleito o 2.º Provedor na história da Misericórdia de Condeixa-a-Nova, Dr. Sebastião Marques de Almeida.
O projeto da construção de um lar de inválidos veio a concretizar-se com o legado de benemérito Dr. Fortunato de Carvalho Bandeira, que com este gesto, deu uma grande prova de ternura pela gente desamparada da terra que foi o seu berço.
À partida foi preciso recorrer a todo o país para ocupar o referido lar, apesar que, por vontade do dador só teriam acesso a este os idosos residentes na freguesia e depois o restante concelho de Condeixa.
O lar é consagrado à sua irmã D. Maria Ascensão Bandeira de Carvalho e viria a ser inaugurado a 23 de Dezembro de 1970 com capacidade inicial para 40 idosos e 5 elementos de pessoal, tendo dado entrada os primeiros utentes em Janeiro de 1971.
Com o 25 de Abril de 1974, houve uma maior abertura por parte de todos os governos que se seguiram, o que proporcionou o alargamento do lar, bem como a beneficiação do equipamento existente dando origem a um maior bem-estar dos utentes.
Em 1982, começaram a ser apoiados em Centro de Dia de Condeixa-a-Nova, idosos desta freguesia. Este Centro de Dia funcionava nas instalações do Lar de Idosos.
Mas a Santa Casa não vê a sua ação restringida ao serviço da população idosa, depois em Fevereiro de 1986 direciona também a sua atuação para a área de infância e juventude, começando a prestar apoio a crianças que durante o seu tempo livre não tinham escola, assim, surge o primeiro A.T.L. em Condeixa com cerca de 25 crianças que frequentavam a escola primária do concelho e que no seu tempo livre não tinham apoio direto dos pais ou de outros familiares.
Em Março de 1987 a Casa da Criança passou a fazer parte das respostas sociais da Santa Casa de Misericórdia de Condeixa, erguida em 15 de Abril de 1955 por iniciativa da Junta da Província, a que presidia o Prof. Dr. Bissaya Barreto e que pertencia na altura à Assembleia Distrital de Coimbra, iniciando a sua atividade com 42 crianças, só de Jardim-de-Infância, tendo em 1988, começando a beneficiar igualmente crianças da Creche (dos 3 meses aos 3 anos).
A 19 de Janeiro de 1988 seria aberto mais um A.T.L. noutra localidade do Concelho, Condeixa-a-Velha com uma capacidade para 25 crianças, que viria a ser encerrado em Julho de 1992 por falta de utentes em virtude do número de crianças que frequentavam a escola primária dessa aldeia também ser diminuta.
No mesmo ano iniciou-se o Serviço de Apoio Domiciliário a idosos que necessitavam de cuidados no seu domicílio.
Em 25 de Novembro de 1988 a Santa Casa juntamente com mais quatro instituições e serviços locais e o Centro Regional de Segurança Social de Coimbra subscreveram um protocolo (PDIAS, Projeto de Desenvolvimento Integrado de Ação Social) que tem como objetivo geral promover o desenvolvimento integrado da comunidade, reunindo e co-responsabilizando grupos sociais, serviços e IPSS’s locais, de modo a rentabilizar ao máximo os recursos disponíveis ou os que se venham a adquirir ou a criar, procurando com os directamente interessados, as respostas mais adequadas e atempadas aos problemas.
A 6 de Janeiro de 1990 é inaugurado o A.T.L. de Condeixa com capacidade para 100 crianças. Foi construído para este efeito um edifício no Quintal Campos com instalações devidamente adequadas para a atividade referida.
Ao abrigo do nº2 do Artigo 22 do Decreto-lei 189/91 de 17 de Maio que regula a criação, a competência e o funcionamento das Comissões de Proteção de Menores da comarca de Condeixa-a-Nova que fora instalada no edifício da Câmara Municipal desta vila.
A primeira reunião teve lugar no dia 20 de Outubro de 1995 sendo a Santa Casa da Misericórdia uma das instituições que faz parte da referida comissão.
Neste mesmo ano surgiu um Centro de Dia em Vila Seca com capacidade para 15 clientes em instalações cedidas pela União Recreativa de Vila Seca. No ano de 1997 surgiram dois novos Centros de Dia, nas freguesias de Anobra e Zambujal, com capacidade 10 idosos em cada equipamento social, sendo estas instalações das respetivas Juntas de Freguesia.
Em 1999 foi ampliado o Lar de Idosos, contando com mais 38 vagas.
Conjuntamente com todas estas atividades, a Santa Casa da Misericórdia, e deparando-se com um diagnóstico do concelho, dimensionou-se para uma atividade totalmente distinta, a formação, que teve inicio em Junho de 2002 para que possa responder de modo eficaz ao baixo capital cultural, aos baixos níveis de escolaridade e ao baixo capital económico, sobretudo ao que se refere à população feminina.
Para tal, tornou-se uma entidade acreditada pela INOFOR, tendo desenvolvido várias ações de formação, orientadas na sua maioria para prestação de cuidados primários. Estas ações de formação viriam a terminar em Novembro de 2006.
A instituição foi também promotora em tempos do Projeto “União” que se destinava à formação do pessoal que não era técnico da Santa Casa da Misericórdia, tanto ao nível das Técnicas de Apoio Social ao desenvolvimento da criança com idade de pré-escolar.
Em 2004 foi inaugurado um Centro de Dia em Condeixa-a-Velha com capacidade para 15 clientes em instalações da Santa Casa.
Ainda em 2004 foi criado o Centro de Acolhimento Temporário para Crianças e Jovens em Risco com capacidade para acolher 9 crianças.
A 20 de Abril de 2007, a Santa Casa torna-se Sócio – Fundador da Associação «Terras de Conímbriga – Associação de Desenvolvimento Local», criada com o objeto do desenvolvimento global do Concelho de Condeixa-a-Nova, através da promoção e valorização dos recursos locais, nomeadamente a dinamização de iniciativas nas áreas de recursos humanos, turismo, património e de apoio às atividades produtivas e ao artesanato.
O ATL encerrou em Julho de 2007 devido ao alargamento dos horários do 1.º ciclo, pois as escolas passam a promover atividades de enriquecimento curricular, as AECs, em detrimento dos A.T.L, deixando os encarregados de educação sem escolha. Os recursos humanos afetos ao ATL foram transferidos para outras respostas sociais, nomeadamente Creche e Jardim-de-infância.
Em Setembro de 2007 foi concluída e inaugurada a Creche “Pezinhos de Lã” com capacidade para 50 crianças, dos 0 aos 3 anos.
No mês de Outubro do ano de 2007 foi inaugurada uma segunda ampliação do Lar de Idosos para mais 42 clientes. Deste modo, atualmente o Lar da Santa Casa tem uma capacidade para 130 idosos.
Em 2008, as antigas instalações do ATL foram convertidas em Centro de Dia, que até a data funcionava no espaço pertencente ao Lar de Idosos, atualmente com capacidade para 35 clientes.
No ano de 2010 dá-se o encerramento do Centro de Dia do Zambujal, sendo transferidos os poucos idosos para o Centro de Dia de Condeixa-a-Nova.
Em Novembro de 2012 tem início a Cantina Social, inserida na Rede Solidária das Cantinas Sociais.
A Cantina Social constitui-se como uma resposta de intervenção no âmbito do Programa de Emergência Alimentar, tendo como objetivo suprir as necessidades alimentares dos indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade socioeconómica, através da disponibilização de refeições.
Em 2019, no dia 27 de Fevereiro entra em funcionamento a nova Cozinha Central com capacidade para servir 600 refeições, servindo todas as resposta sociais da Santa Casa.